Modelo de governança do Pacto pela Educação prevê envolvimento da sociedade civil, empresas, universidades e poder público
Por Bianca Garrido
Foi oficializado em 14 de julho o movimento ‘Pacto pela Educação’, idealizado por pessoas ligadas à sociedade civil que acreditam na mudança da sociedade a partir da educação. No evento, no auditório do Ministério Público, em Porto Alegre, estiveram presentes empresários, estudantes, professores, políticos, e foi apresentado o modelo de governança do movimento, que terá um Conselho com até 60 pessoas, um Comitê Executivo e um Grupo Estratégico, com representantes da Sociedade Civil, Poder Público, Universidades e Empresas. Também foram divulgados dados sobre adesões desde o anúncio da iniciativa, em 31 de maio – 156 propostas de projetos, 315 voluntários e 1.342 assinaturas ao manifesto, disponível no site pactopelaeducacao.org. Outra novidade foi a divulgação da sede do Pacto, que ficará localizada no Campus da Unisinos em Porto Alegre.
Ainda durante o evento, foram apresentados cases que representam os sete eixos que irão guiar a atuação do Pacto. O primeiro – Educação como responsabilidade coletiva – a artista, pedagoga e agente social do Morro da Cruz e uma das organizadoras do 1º Congresso Popular de Educação para a Cidadania, Negra Jaque, falou sobre suas inciativas. Esse eixo se propõe a divulgar o manifesto do Pacto e cases de boas práticas, buscar a adesão de 10 mil cadastros de pessoas físicas, articular com entidades e a área política e desenvolver o trabalho voluntário.
O segundo eixo – Educação baseada em evidências – quer identificar objetivos educacionais e expectativas de aprendizagem, definir indicadores de desempenho e qualidade e métricas. Como exemplo de boas práticas foi convidada a falar a pedagoga, CEO da Ayo livros e brinquedos, fundadora do Projeto Social Oorun e professora da Escola Municipal de Ensino Básico (EMEB) Professora Adolfina Diefenthäler, de Novo Hamburgo, referência mundial de gestão democrática e participação dos alunos, Fernanda Oliveira.
O terceiro eixo, de Valorização e formação continuada dos profissionais da educação, se propõe a reconhecer a importância do professor, incentivar a formação de novos docentes, qualificar gestores de escolas e criar fóruns de boas práticas. Neste ponto, foi convidado a mostrar resultados já existentes o superintendente do Sesi Juliano Colombo, que falou das escolas da indústria espalhadas pelo Estado, com excelentes resultados na área da educação.
Já, o quarto eixo, refere-se à avaliação do impacto da docência na aprendizagem. Entre as ações nessa área, o Pacto pretende criar referências de avaliação, definir modelo de avaliação da docência, valorizar a formação de comunidades de aprendizagem e valorizar a liberdade de cátedra comprometida com resultados educacionais.
Para ilustrar a Reorganização da Governança na Educação, que define o quinto eixo, o coordenador técnico da Cidade Educadora, Alexsandro Machado, trouxe o tema da reintegração de Porto Alegre à Associação Internacional das Cidades Educadoras, rede de mais de 30 anos, com sede mundial em Barcelona, e que agrega mais de 500 cidades de todos continentes. Neste princípio, se buscará definir instâncias de responsabilidade municipal e estadual na educação pública, criar um novo marco legal na área, reestruturar processos de planejamento de aula e estimular a integração da escola com a comunidade.
Em relação a novos ambientes de aprendizagem, sexto eixo do movimento, em que o foco estará nos planos para recuperação de infraestruturas, melhoria nos processos de manutenção e criação de novos ambientes de aprendizagem, esteve presente Felipe Amaral, do Campus Caldeira.
O sétimo eixo, da Educação como base do desenvolvimento, contou com a apresentação do case do Colégio Lumiar Porto Alegre, com a participação da pedagoga e diretora da entidade Maria Soledad Gomez. Este princípio pensa o preparar para a cidadania e o desenvolvimento profissional, transformando a educação na prioridade do Estado e reconhecendo escolas de referência.
Segundo o integrante do Comitê executivo do Pacto, Jorge Audy, tanto o modelo de governança quanto as ações são processos em construção, aguardando sugestões e/ou melhorias. Para a também integrante do Comitê executivo da iniciativa, Mônica Timm de Carvalho, o movimento se propõe a integrar esforços atualmente dispersos. “Conectar iniciativas, e articular pessoas para potencializar os resultados que precisamos alcançar. É isso que buscamos. Também é necessário dar protagonismo aos diferentes agentes educacionais para que esses resultados possam acontecer e atender a todos os desejos e expectativas do povo gaúcho”. Mônica acrescenta ainda como proposta do Pacto a conexão com possíveis financiadores de projetos para que as ações sejam executadas.
Os próximos passos do movimento incluem ainda o recebimento de sugestões e indicações de pessoas que sejam referência em educação para compor o Conselho do Pacto, assim como indicações de voluntários para compor os eixos das propostas. As sugestões podem ser enviadas para contato@pactopelaeducacao.org. Até 15 de agosto também serão intensificadas as ações de comunicação.
Saiba mais:
A iniciativa surge em um momento em que o Estado vive um cenário de urgência educacional, principalmente na rede pública: apenas 1% dos alunos do último ano do Ensino Médio têm desempenho adequado em Matemática, conforme avaliação feita pela Secretaria Estadual da Educação. Toda a sociedade pode aderir à causa com ações simples, como a assinatura digital do manifesto, doação de recursos, até a participação como voluntário nas ações propostas pelo Pacto, a partir do site pactopelaeducacao.org